Caros Amigos,
Na sequência de uma reunião realizada em Fevereiro com os responsáveis da Equipa de Futebol, voltámos esta manhã ao Estádio José Gomes e tivemos oportunidade de assistir à entrevista dada pelo Treinador (Jorge Paixão) e Capitães de Equipa (Filipe Martins, Marcelo Resende e Sérgio Marquês) ao Jornal “A Bola”. Considerando o contínuo agravamento da situação, queremos desde já transmitir aos
TRICOLORES a posição tomada pela Equipa:
assegurar a presença amanhã (domingo) em Odivelas e depois do jogo entrar em período indeterminado de paralisação a treinos e jogos, enquanto não forem regularizados pelo Administrador Judicial (Dr. Paulo Sá Cardoso) os vencimentos em atraso.
A falta de condições da Equipa atinge proporções inimagináveis, tais como:► Actualmente existem 3 a 4 meses de salários em atraso;
► Vários meses de atraso no pagamento de rendas de casa, com ameaças de despejo;
► Posto Médico desactivado;
► Falta de Medicamentos;
► Lavandaria desactivada - falta de roupa lavada para treinar e jogar;
► Autocarro apreendido - transporte para treinos e jogos não garantido;
► Ausência de refeições em dias de jogo.
Tendo em atenção que o Administrador Judicial entende que "o clube é viável" e que o Futebol Profissional vai “acabar a época com alguma dignidade”, em defesa da “imagem de marca" do Clube, palavras ainda ontem (sexta-feira) publicadas no Jornal “Record”, não vamos deixar de exigir as necessárias explicações para a inaceitável contradição entre o que o Dr. Paulo Sá Cardoso afirma e a miserável realidade que temos vindo a constatar.
Para vosso conhecimento, foi este o teor da mensagem enviada por nós ao Administrador Judicial em 06.03.2010, lida em 09.03.2010, mas ainda não respondida:“Exmº Sr. Dr. Paulo Sá Cardoso,
Na sequência da mensagem de apresentação que lhe foi enviada em meados de Novembro, merecedora da resposta cordial que agradecemos, voltamos ao seu contacto para o sensibilizar em relação a um assunto que muito nos tem vindo a preocupar.
A Equipa de Futebol Profissional do
ESTRELA DA AMADORA, com todas as dificuldades inerentes à situação do Clube, representa as nossas cores com dedicação e brio na 2ª Divisão, o terceiro escalão das competições nacionais. A Equipa tem vindo a ocupar os lugares cimeiros da classificação e chegou mesmo a ser primeira na Zona Sul, apoiada sempre que possível pelos Sócios
TRICOLORES, no Estádio José Gomes ou fora de casa. Em reunião recentemente realizada com os seus responsáveis, tivemos oportunidade de conhecer as condições em que vive o grupo de trabalho, analisando entre outros assuntos os meses de atraso no pagamento dos salários, as ameaças de despejo por falta de pagamento das rendas de habitações, assim como as cartas de despedimento recebidas por elementos de apoio à Equipa, funcionários do
ESTRELA ao longo de muitos e bons anos.
Naturalmente que, face aos problemas financeiros do Clube, não podemos imputar ao Sr. Administrador Judicial a responsabilidade da mora no cumprimento destas obrigações financeiras, até porque o planeamento e orçamentação da temporada não foi da sua responsabilidade. No entanto e por referência aos trabalhadores do Bingo do Clube, fomos informados de que existe um atraso mais significativo na regularização dos salários da Equipa, o que a confirmar-se consideramos estranho e injustificável, tendo em atenção que o Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas não faz qualquer distinção deste tipo na gestão da massa insolvente. Pela simples razão de serem contratados a termo certo, os jogadores e técnicos da Equipa de Futebol Profissional não devem ser discriminados em relação a qualquer outro trabalhador do Clube, pelo que todos devem merecer o nosso respeito e apoio. A propósito, também não entendemos como aceitáveis os despedimentos já notificados a vários elementos fundamentais para o suporte da Equipa, nomeadamente ao Massagista, ao Motorista e aos Técnicos de Equipamentos. Situações destas, associadas a outras como as recorrentes dificuldades em garantir as deslocações ou as refeições nos dias de jogo, não podem de forma alguma deixar-nos indiferentes.
Temos vindo a acompanhar o Processo Nº 22332/09.2T2SNT que corre termos no Juízo do Comércio em Sintra e, entre a documentação consultada, analisámos com atenção o Relatório aprovado pela Assembleia de Credores em 16.12.2009, onde o Sr. Administrador Judicial escreveu o seguinte: ”deverá ainda ser repensado se o insolvente terá ou não condições de manter o futebol profissional o que dependerá se o clube conseguirá alcançar nesta época a Liga de Honra, caso em que receberá de ajuda cerca de 400.000,00 € correspondente sensivelmente ao seu actual orçamento”. Estamos de acordo quando questiona a viabilidade do Futebol Profissional, sabendo que os encargos financeiros podem não ser compatíveis com o processo de recuperação a aprovar para o Clube, mas essa realidade nunca poderia depender de uma promoção imediata à Liga de Honra, nas condições em que foi preparada a Equipa para esta temporada, claramente agravadas pelas situações acima referidas. Porque se é verdade que a visibilidade de uma Liga Profissional pode vir a potenciar receitas e apoios, este não é certamente o momento de perspectivar esse objectivo, por tudo o que ainda nos limita, muito menos de tomar medidas que condenem desde já o Futebol Profissional no
ESTRELA DA AMADORA.
Cumprida no bom sentido a missão do Sr. Administrador Judicial, como é nossa legítima expectativa, logo será tempo de eleger novos e regenerados Orgãos Sociais, que em consciência hão-de traçar o rumo mais adequado para voltarmos a brilhar com dignidade. Porque é o FUTEBOL a essência do
ESTRELA DA AMADORA, como provam os talentos criados nos nossos escalões de formação e as Equipas de Futebol Profissional que nas últimas décadas fizeram do Clube o maior símbolo da Cidade e o seu melhor Embaixador.
Sabemos que se encontra em fase final de redacção de um Plano de Insolvência, documento cuja homologação desejamos profundamente, na esperança de que esse seja o ponto de viragem no caminho da recuperação
TRICOLOR. Assim e reforçando o nosso apoio sem distinção a todos os trabalhadores do Clube, a razão que fundamenta esta mensagem é um especial pedido de respeito para com a Equipa de Futebol Profissional, por forma a que todos os dedicados e briosos elementos que a integram possam desempenhar com dignidade as suas funções até ao final da temporada, devidamente remunerados. Porque, acima de tudo, há obrigações assumidas e o seu cumprimento deve ser garantido em condições de igualdade.
Gostaríamos de ter feito pessoalmente este apelo, mas face à urgência do mesmo decidimos voltar ao contacto por esta via, aguardando pela mesma os seus comentários e reiterando total disponibilidade para reunir sobre este ou outros assuntos em que entenda podermos ser úteis.”
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Reiteramos o nosso apelo à união de todos os que sentem o
ESTRELA DA AMADORA como o seu Clube do Coração, por forma a que possamos exigir o respeito pelos direitos de quem representa as nossas cores, porque as imensas limitações do Clube, inerentes à crise financeira, não justificam este processo em curso para exterminação do Futebol Profissional. Pelo menos, que não falte solidariedade e apoio à Equipa, já amanhã (domingo) em Odivelas.
Um Abraço
Movimento Sempre TRICOLORES.