Penhoras e hipotecas do clube rondam os 18 milhões de euros?

As penhoras e hipotecas do Estrela rondam os 18 milhões de euros, um valor que em 2003, quando a actual direcção tomou posse, era de 700 mil euros, como mostra a certidão de Registo Predial.

Confrontado com os valores, o advogado do Estrela, clube que sexta-feira tem uma Assembleia Geral (AG) extraordinária, João Morais, não negou à Agência Lusa a existência de uma penhora de bens na ordem dos 17 milhões de euros.

O causídico avançou, no entanto, não conhecer qualquer penhora e que as Autoridades Tributárias declararam uma dívida do clube que ronda os 8 milhões de euros.

"As autoridades tributárias identificaram uma dívida do Estrela inferior a oito milhões de euros. Em termos de penhoras, há cerca de 17 milhões de euros de bens do clube penhorados. No entanto, a dívida não é real. Já foram identificadas, por ambas as partes, diversas incongruências entre o que o Estrela já pagou e os registos do Estado desses pagamentos" referiu João Morais.

No entanto, na posse da certidão que comprova as penhoras e hipotecas, Emílio Lima, sócio do clube e ex-candidato à presidência do mesmo nas eleições de 2003, disse à Agência Lusa que "em 2003, as dívidas do clube eram de cerca de 700 mil euros e, cinco anos depois, rondam os 18 milhões de euros", uma situação que vai levar a discussão, sexta-feira, na AG.

"Na certidão da 2ª Conservatória do Registo Predial pode ler-se que em 2003 a hipoteca era de cerca de 500 mil euros e as penhoras de 142 mil euros e 357 mil euros. Hoje, ronda os 18 milhões de euros. Chega de falar dos antigos dirigentes. Cinco anos depois têm que prestar contas dos exercícios" referiu Emílio Lima.

Para o sócio, a única solução para esta direcção é a demissão, e justifica: "perderam toda a credibilidade junto dos sócios e há uma série de ilegalidades".

Segundo Emílio Lima, os órgãos sociais do clube não "fazem reuniões, não há actas das reuniões efectuadas, não há prestação de contas aos sócios, nem dos orçamentos", uma situação "comprovada pelos ex-dirigentes que se demitiram no final do ano passado".

"Este clube tem vivido na total ilegalidade. O presidente da Assembleia Geral (Andrade Neves) funciona como se o clube fosse dele. Não marca assembleias gerais extraordinárias, porque a Direcção não tem contas para apresentar. Mas é preciso explicar por que é que não há contas. Os documentos, que deviam estar afixados, estão em casa do senhor presidente da Assembleia Geral" acrescentou.

O advogado João Morais disse ainda à Lusa que o clube está a demonstrar às autoridades fiscais que "as penhoras estão acima do dobro daquilo que é a dívida declarada pelas próprias autoridades".

"Tem sido objecto de trabalho intenso, de compreensão muito grande por parte das entidades envolvidas: jogadores, Direcção Geral Contribuições e Impostos, Segurança Social, IAPMEI, Liga, Federação, Sindicato dos Jogadores e o próprio Estrela da Amadora, todos têm tido uma postura construtiva na solução do problema" esclareceu.

E adianta ainda: "O Estrela da Amadora acredita na justiça fiscal, e acredita que o seu problema está à beira de ser resolvido".

Apesar de ver a demissão da actual direcção como única solução viável, e de ter sido candidato em 2003, Emílio Lima não equaciona uma recandidatura.

"Não me comprometo com nada. Neste momento não ponho hipótese nenhuma. É aos sócios que compete decidir" sublinhou.

Além disso, acredita que o "clube deve fazer tudo para se manter na Liga, investir mais nas camadas de formação e nas modalidades amadoras".
Para o sócio, a comparência, sexta-feira, de todos os sócios na AG é imprescindível.

"Temos que assumir uma posição construtiva, quer em público quer na AG. Só interessa o clube. Neste momento, tudo se envolve à volta de uma ou duas pessoas e não do clube" referiu.