Entrevista de Anselmo ao jornal A Bola esta quarta-feira.

Nome: Anselmo Gonçalves Cardoso
Nascimento: 1984-01-06 (24 anos)
Naturalidade: Freiria - Torres Vedras
Posição: Avançado
Altura: 1m82cm
Peso: 75 kg
Ligação contratual: Mais 4 anos.






Percurso:

2008/09: Est.Amadora
2007/08: Est.Amadora
2006/07: Est.Amadora
2005/06: Est.Amadora
2004/05: Torreense
2003/04: Torreense
2002/03: Freiria
2001/02: Freiria


Estatísticas da época 2007/2008:

19º com mais Golos na bwin LIGA 2007/08 (6 G/25 J)
57º com mais Amarelos na bwin LIGA 2007/08 (5 A/25 J)
36º com melhor média de golos na bwin LIGA 2007/08 (0,24 golos/jogo)
55º que menos tempo precisa para marcar na bwin LIGA 07/08. Um golo em cada 308 Minutos.

"Quem não estudar pode depois arrepender-se"

→ Aos 24 anos, Anselmo prepara-se para o último ano do curso de Educação Física, sonho desde os 13 anos, a par do de jogador de futebol. Se o segundo conseguiu no Est.Amadora, o primeiro está próximo. Integrado no ISCE, Instituto Superior de Ciências Educativas, em Odivelas, vai lutando contra o estigma do jogador pouco inteligente.

Pergunta: Sente necessidade de lutar contra a ideia de que o jogador de futebol trabalha duas horas por dia e tem muito tempo livre?

Anselmo: É certo que temos essa imagem, mas gosto de sentir que posso ter outras actividades, seja estudar ou ter um pequeno negócio. Temos o privilégio de ter esse tempo, também é bom saír do balneário, conhecer e estar com outras pessoas, noutros ambientes, e ter novas habilitações.

P: Como é um dia de um jogador que também é estudante?

A: Moro em Freiria, Torres Vedras, demoro 40 minutos a chegar a Lisboa e vou para o treino, que normalmente são de manhã. Depois almoço e venho para as aulas.

P: Sempre quis continuar a estudar?

A: Tenho o sonho de ser professor de Educação Física desde o 8º ano, encaminhei o meu percurso escolar para aí. Só no fim do 12º ano é que estive um ano sem estudar, porque não consegui entrar na faculdade que queria. Depois entrei para Educação Física em Rio Maior e, quando vim para o Estrela, pedi transferência para Odivelas. É importante que se faça este investimento, sinto-me realizado com o curso superior. Quero ser professor do ensino secundário, por isso ainda tenho de fazer um mestrado de dois anos. Esta licenciatura só dá até ao 6º ano.

P: O que perde por optar por ser jogador/estudante?

A: Não posso fazer noitadas para concluir trabalhos ou estudar para frequências [risos]. Já tive de faltar a um ou dois treinos para fazer ema frequência, porque os treinadores que tive, António Conceição e Daúto Faquirá, foram impecáveis. Além de mo permitirem, aprovam. Todos os jogadores deveriam fazer o mesmo, porque além da carreira terminar cedo, temos de pensar na continuidade.

P: E uma coisa é prejudicada pela outra?

A: Tento dar o me melhor nas duas coisas. Primeiro está o clube, porque sou profissional, na faculdade percebem se tiver uma assiduidade por volta dos 70 por cento. Se estou em estágio não posso estudar, só quero concentrar-me no jogo.

P: O Est.Amadora facilitou o processo, há outros jogadores com essas condições?

A: O Rui Borges também se interessou, foi uma das minhas inspirações. Se ele aos 30 anos quis retomar os estudos, não fiz mais que a minha obrigação. Somos um exemplo de que é possível conciliar os estudos com o futebol.

P: E os mais novos, sente que pode ter alguma influência na decisão deles em continuar a estudar?

A: Alguns não fazem isso, mas deviam. Considero que quem não estudar pode mais tarde arrepender-se. É grande garantia de futuro.

P: Acaba por não ter férias...

A: Há três anos que é assim, este ano só tenho duas semanas. Entre poder estudar e não ter férias, prefiro não ter férias.

O Estrela passou por algumas dificuldades financeiras na época passada, que motivou greves a alguns treinos, mas tendo o jogadores já recebido tudo em falta da última temporada tal como já tinha dito o ex-capitão Maurício. "Estar sem receber durante três meses foi complicado, era preciso pagar a mensalidade na faculdade, mas nunca chegou a prejudicar verdadeiramente", contna Anselmo, que espera, com o novo treinador, Lito Vidigal, ter uma temporada mais tranquila.
"Espero que consigamos superar a época passada. Se melhorarmos o nosso desempenho, será bom para o treinador, que também vai estrear-se. É ambicioso, como nós, por isso a sorte dele será também a nossa sorte", avalia.